Hoje as redes sociais divulgaram o " Dia do Fotografo" e encontrei este texto
interessante, que me fez pensar.
Me espantou os inúmeros comentários sobre o dia do fotografo, confesso que
depois de tantos anos vivendo desse ofício, jamais soube que existisse um
dia brasileiro para os fotógrafos. Sempre soube que o dia 19 de agosto é
considerado o Dia Mundial da Fotografia, em homenagem ao anúncio oficial do
daguerreotipo, em 1839. No Brasil, contam que a daguerreotipia chegou em
16 de janeiro de 1840. Soube ainda que o dia 8 de julho, também é um
suposto dia nacional do fotógrafo e que o dia do repórter fotográfico é 02 de
setembro. Sei que na Bolívia, o dia é 21 de setembro e em alguns países do
norte o dia é 12 de julho. Sabemos que antes de Daguerre, existem outros
registros de nascimento da Fotografia, por Niépce ou ainda mais aqui no
Brasil por Hercule Florence em 1834. Florence, nasceu dia 29 de fevereiro,
não seria interessante termos um dia do fotógrafo em sua homenagem?
Celebraríamos a cada quatro anos.
Estamos vivendo um grande momento na história da humanidade, onde
finalmente vejo quase todos se alfabetizarem visualmente, como se
saíssemos da idade média visual, todos podemos usar também da Fotografia
como forma de expressão. Finalmente, não é mais obrigatório aquele
alquimista que sabia controlar física e química para criar fotografias. Deixo
claro que, como na escrita, o fato de sabermos juntar letrinhas não nos
transforma num Drummond, Pessoa, Saramago ou Hemingway.
Como homenagens são sempre lindas, o dia do do Fotógrafo poderia ser o do
nascimento de Ansel Adams (20/02), Eugène Atget (12/02), Sebastião
Salgado (08/02), Manuel Álvarez Bravo (04/02), todos esses de fevereiro e
nos
outros meses temos tantos bons exemplos.
Enfim, acho que todo dia é o dia do fotógrafo, então pegue sua câmera,
iphone ou latinha de pinhole e faça boas fotos!
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A partir dai fiquei com uma serie de duvidas.
Com o desenvolvimento tecnológico o acesso a câmeras fotográficas se popularizou.
Em viagens, eventos sociais, passeios, todos portam maquinas, em Smartphones, tablets, equipamentos sofisticados. A impressão que tenho é que os lugares, as sensações, imagens, cheiros, experiencias que os lugares podem lhe proporcionar ficaram em segundo plano, como nas fotografias prediletas dos turistas: Eu em...Eu fazendo...Eu comendo...Eu sempre no primeiro plano.
Quando essas pessoas descobrem alguém que faz registros melhores, ficam atras, pedido para que tirem fotos delas.
Mas existem aqueles que investem em equipamentos caros e sofisticados e ficam horas entretidos em programar suas maquinas para o momento ideal, que geralmente perdem a procura da técnica perfeita.
Existe o fotografo amador e profissional. Um fotografa por prazer, vocação, instinto mas não vive disso. Existem aqueles que encontram na fotografia o seu meio de sobrevivência. Como em todas as profissões a todo o tipo de profissionais, se especializando, se qualificando em determinadas áreas de interesse.
Mas para mim a fotografia é mais que registro de imagens, composições pré-estabelecidas e técnicas perfeitas.
Para mim, fotografar é registro de emoções, sensações, sentimentos revelados, momentos transformadores. É enxergar a verdade, a sua verdade, transmutada através das lentes.
Não sou especialista, não sei teorizar, mas creio que a verdadeira fotografia é aquela que transcende a ciência, a técnica e se transforma em arte, em expressão.
Como não sou profissional, não pretendo ser fotografa reconhecida como tal, tenho a liberdade de criar em cima das imagens que registro. Buscar um novo olhar através da imagem captada e descobrir a realidade não revelada, a luz e as sombras através das imagens, as nuances que não percebemos na velocidade da vida.
Quando captamos uma imagem, tentamos deter um momento, mas o que fazer com esse momento apreendido?
Editar uma foto é buscar a experiencia completa, provocar a memoria, despertar os sentimentos, retirar os detalhes insignificantes e concentrar as emoções.
A fotografia programada, no studio depende muito de técnica, luzes e produção, mas a fotografia de campo requer envolvimento, participação, conhecimento, preparação.
Creio que o que transforma um registrador de imagens em um fotografo é a emoção que ele consegue fazer aflorar no outro.E para isso só há uma forma para se tornar um fotografo, você tem que viver e sentir e ser um ser capaz de traduzir as imagens em Vida. Enfim ser fotografo é ser alquimista.